quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Entrevista concedida para O Nacional











Entrevista concedida para Sílvia Brugnera, publicada no jornal O Nacional, de Passo Fundo (RS), no dia 07 de agosto de 2007.

Qual é a sua perspectiva em relação a educação em Passo Fundo nos próximos 20 anos?

Penso que não podemos avaliar o cenário da educação em Passo Fundo, sem percebermos o movimento que está ocorrendo nacionalmente. Em primeiro lugar, a educação está deixando de ser uma prioridade das esferas de governo e está se tornando uma prioridade da sociedade. Quando afirmo isso, estou sinalizando para a mudança de perspectiva que passou a orientar os diversos segmentos do país, que pode ser resumida na seguinte percepção: O Brasil somente terá condições de competitividade na economia globalizada, na medida em que formar recursos humanos de qualidade.

Com isso, vamos acompanhar os seguintes movimentos nos próximos anos:
(a) Inicialmente uma corrida pela universalização do ensino básico – o FUNDEB, as parcerias entre as esferas de governo, as parcerias entre o setor público e o privado, bem como uma infinidade de arranjos institucionais, buscando a oferta de ensino básico, capaz de alçar a sociedade brasileira para níveis internacionais de alfabetização (agora também alfabetização digital). Quem não lê, não trabalha, não compra, e, portanto está fora da sociedade de conhecimento e consumo.

(b) Por outro lado, vamos acompanhar o debate a respeito da natureza do ensino médio. Para que servem as escolas de ensino médio? Durante um determinado período de tempo, tivemos um modelo em que o segundo grau constituía-se em possibilidade de profissionalização dos indivíduos. O país mudou o modelo e transformou o segundo grau em instância de formação para a cidadania, preparando o jovem, no limite, para o vestibular. Ocorre que esta proposta está em crise – os jovens, no ensino público, percebem que a sua entrada no mercado de trabalho não será viabilizada pela escola (a maioria das empresas já está solicitando que os candidatos estejam cursando o ensino superior); como, também, não viabilizará o ingresso nas universidades públicas e gratuitas (e as universidades privadas já não realizam um “processo seletivo” há alguns anos). Portanto, que modelo de escola atenderá a demanda de um imenso contingente de jovens que não se sentem representados e amparados em suas ambições e projetos pelo Brasil do século XXI?

(c) Um terceiro fator está ligado ao ensino superior. O Brasil vive desde 1995, um movimento de expansão do ensino superior privado. A explicação aos fatos reside na percepção do Ministério da Educação, à época dirigido pelo Ministro Paulo Renato de Souza, amparado em avaliações dos mecanismos internacionais – Banco Mundial, preponderantemente, através de um estudo intitulado “La enseñanza superior: las lecciones derivadas de la experiencia” – de que o país necessitava de um choque no sistema de ensino superior. Ampliar as vagas constituía a condição básica para o desenvolvimento econômico, bem como garantia de distribuição de renda (no Brasil do final século XX, diploma de graduação ainda era garantia de empregabilidade, criando um fosso na remuneração entre os indivíduos com ensino superior formal e aqueles que não tinham tal possibilidade). Para alcançar os dois desafios, levando em consideração que a União não possuía as condições econômicas para investir maciçamente no setor, priorizou-se a expansão pela autorização de vagas no setor privado. Tivemos desde então uma corrida pelo credenciamento de faculdades e autorização de cursos que fez com que o sistema ultrapasse a marca de 2.140 instituições de ensino, com mais vagas do que alunos formandos no segundo grau em condições de pagar mensalidades. Com isso, o próximo movimento que acompanharemos estará estruturado em torno da fusão de pequenas instituições por grandes grupos educacionais – lembro aqui de três, a título de ilustração, Anhangüera Educacional / SP, Estácio de Sá / RJ e Kroton Educacional / Pitágoras / MG – que passarão a comprar as pequenas faculdades do país. (

(d) Outro movimento importante consiste na quebra dos limites formais entre escola / mundo acadêmico e ambiente de trabalho / profissional. As entidades associativas, as empresas, os partidos políticos, os sindicatos, também passarão a oferecer modalidades distintas de formação, conveniados ou não com instituições de ensino. Assim, MBA’s corporativos, cursos in company, projetos como escola de fábrica, a título de exemplos, serão a regra nos próximos anos, em um grande movimento de “educação continuada”, ou seja, amparados na visão de que a relação entre a teoria e a prática (momento de aprender e momento de aplicar) está se esvanecendo, bem como a idade de estudar e a idade de trabalhar. Os indivíduos do século XXI terão de continuar estudando pelo resto de suas vidas, sob pena de ficarem na marcha do processo de transformação da sociedade.

Assim, prezada Sílvia, penso que as tendências apontadas não são diferentes para Passo Fundo. Todos os movimentos apontados já possuem reflexos na cidade. Desde a busca incessante do Secretário Municipal na viabilização da universalização do ensino básico, bem como a crise de projeto político-pedagógico das escolas de ensino médio, passando pela expansão do ensino superior privado – UPF, IMED, FACPORTAL, FAPLAN, SENAC, IFIBE, e agora, ANGLO-AMERICANO -, a organização dos setores produtivos e associativos para viabilizar formação permanente – a universidade corporativa do CDL, dentre tantas outras experiências.

As respostas a estes desafios é que colocarão Passo Fundo no mapa das cidades “inteligentes”, capazes de criar e atrair empreendimentos econômicos, atrair e manter talentos (por mais que muita gente ainda pense em contrário, indivíduos com inteligência fazem muita diferença) e viabilizar inovação tecnológica e de processos.

Como o senhor imagina que a instituição vai estar daqui há 20 anos?

A IMED será, daqui a vinte anos, a viabilização da visão original que orientou sua fundação, definida pelos seus sócios – Eduardo Capellari, Henrique Kujawa, Marcelino Pies, César Garbin, José Roberto Vanni, Volmir Fornari, Claudemir Braganholo, Rachelle Balbinot, Luís Cláudio Steglish -, em sua maioria professores universitários, desde antes da criação da faculdade.
Será uma instituição de 3.000 alunos de graduação; com uma rede de pós-graduação lato sensu alicerçada no sul do Brasil (oferecemos atualmente pós-graduação / especialização, através de convênios, em Passo Fundo, Erechim, Porto Alegre e Chapecó); reconhecida pela excelência no ensino e na sua capacidade de produzir conhecimento e soluções multidisciplinares para a região norte do Estado; com um corpo de professores de primeira linha – mestres e doutores capazes de superar os limites da visão acadêmica estreita que conduziu a relação das universidades brasileiras com o setor empresarial; com intensa interação com a comunidade, fundada na pluralidade, no espírito democrático e na tolerância às diferenças de pensamento.
Portanto, seremos uma instituição pequena, mas representativa das melhores práticas educacionais, capaz de atrair a atenção de alunos, pais, lideranças políticas e empresariais, nos diferenciando das instituições de massa que restarão ao movimento de compra e venda de faculdades que assistiremos nos próximos anos (até mesmo em Passo Fundo). As condições serão construídas paulatinamente. Passamos a fase inicial. A cidade de Passo Fundo está superando seu bloqueio de dialogar somente com uma instituição de ensino, e dá amostras de que este é um processo sem volta.

Na sua opinião quais são as principais profissões que irão se destacar no futuro em nosso município?

Passo Fundo é atualmente uma cidade prestadora de serviços. Complementará seu perfil nos próximos anos. O setor industrial passará a ter uma importância maior no PIB do município. Nestlé em Palmeiras das Missões, EMBARÉ em Sarandi, ITALAC em Passo Fundo, formarão uma cadeia industrial fundamental na economia da região, com reflexos fortes na cidade que vivemos. A BSBios, a UNIQUÍMICA, a criação de um pólo logístico, apontam outras mudanças. Vários dos investimentos mencionados estão sendo conduzidos por empresários e investidores de Marau, Colorado, Tapejara, Sarandi, Condórdia/ SC, Chapecó. Passo Fundo será, portanto um pólo de atração de investimentos e relações, o que demandará uma mudança brutal de pensamento dos nossos quadros políticos e empresariais. Ou nos tornamos ousados e empreendedores – tendo em vista o fim dos limites geográficos de Passo Fundo - ou seremos “comprados”, para utilizar uma gíria empresarial.
Respondendo à sua pergunta, penso que não existirão “as profissões do futuro”. Necessitamos de “habilidades do futuro”. Com isso, estou querendo dizer que para além da formação curricular – engenharia, administração, direito, etc – os indivíduos deverão possuir habilidades empreendedoras, visão global, domínio técnico de suas áreas e capacidade de produzir soluções a partir do diálogo com outras áreas do conhecimento.
Precisamos de bons médicos, mas capazes de dirigir clínicas, hospitais e sistemas de saúde. Precisamos de bons advogados, que sejam capazes de evitar litígios e não promovê-los. Precisamos de jornalistas que compreendam a comunicação para além das redações, que criem seus próprios espaços nas novas mídias existentes. Precisamos de bons programadores na informática, mas também sujeitos que criem empresas, gerem empregos, e entendam que o conhecimento não tem geografia (se tivermos boas soluções de software, competiremos em pé de igualdade com norte-americanos, europeus ou indianos).

Qual a contribuição da IMED na educação de Passo Fundo?

Sílvia, o grande português Fernando Pessoa cunhou uma frase que pode ser compreendida como emblemática em nosso tempo: “viver não é necessário; o que necessário é criar”. Apesar dos anos que nos separam a percepção do poema de Fernando Pessoa, em que reinterpreta a frase que “viver não é preciso, navegar é preciso”, apresenta uma capacidade ímpar de apreensão da realidade em que vivemos.
A grande contribuição da IMED para a cidade de Passo Fundo reside no compromisso em continuar crescendo, amparada nas premissas que sempre nos orientaram, mas cada vez mais, inovando na oferta dos cursos, na gestão, na compreensão do papel que devemos cumprir e na viabilização de sua visão estratégica, como expus anteriormente. Reinventando a própria forma de atuação das instituições de ensino superior, compartilhando conhecimentos, tecnologia, ensinando e, muito importante, aprendendo com nossos parceiros – sejam eles vinculados ou não ao mundo acadêmico.
Afinal, este é o papel de uma instituição de ensino superior em uma “sociedade do conhecimento”: não se apequenar diante dos desafios colocados, inovando sempre, pois “viver não é necessário; o que necessário é criar”.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Aula Inaugural do Curso de Gestão Pública da IMED

O curso de Tecnologia em Gestão Pública da IMED promove sua aula inaugural na próxima quinta-feira (09 de agosto), às 19h30min. O palestrante será o presidente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) e prefeito de Victor Graeff, Flávio Lammel.
O tema da palestra será "A importância da qualificação e os novos desafios do gestor público" e terá por objetivo a discussão dos principais temas que pautarão a administração pública no próximo período, enfatizando a importância da formação nesta área. Participarão da atividade os alunos do curso e servidores de prefeituras e câmaras de vereadores da região.
Lammel assumiu a presidência da Famurs em junho e pretende trabalhar pela repartição mais justa do bolo tributário, assim como pela implementação de projetos de desenvolvimento local, incentivando a geração de emprego e renda.

Festerê Literário faz Passo Fundo entrar em clima de Jornada

Com o início do Festerê Literário, no sábado, 04 de agosto, no Bourbon Shopping, Passo Fundo entrou em clima de Jornada Nacional de Literatura. Faltando cerca de 20 dias para o início da movimentação cultural, a cidade já começa a aplaudir as apresentações que encantam os expectadores. Foi assim no último final de semana. Na abertura do Festerê, o Coral da PUC surpreendeu quem estava na praça de alimentação do shopping com a música Gaúcho de Passo Fundo.
Depois foi a vez do acadêmico de psicologia da UPF, Gustavo Canabarro, que apresentou arranjos de compositores famosos, como Chico Buarque, além de trabalhos próprios. Com a regência do maestro Fernando Montini, o Coral Universitário da Universidade de Passo Fundo (UPF) cantou as músicas Maracatu e Gaudêncio Sete Luas. Depois foi a vez do Bando de Letras da UPF, que fez poesia, teatro e música. A última apresentação teve a participação da Bailar Centro de Danças, sob a coordenação da professora Raquel Ruppert, que demonstrou a dança do ventre.
Para a coordenadora da 12ª Jornada Nacional de Literatura, professora Tania Rösing, por meio do Festerê Literário a população é chamada para entrar no clima da Jornada. “Não queremos apenas o leitor do texto impresso, mas sim um leitor de diversas linguagens, como dança, música, teatro e poesia”, frisou a professora. De acordo com ela, não só quem está inscrito na Jornada poderá participar das atividades relacionadas com a festa literária. Atividades paralelas e gratuitas são oportunidades para a população interagir com a 12ª Jornada Nacional de Literatura. Segundo a professora, nos próximos dias iniciam as ações nos ônibus da Coleurb, a “Caminhada da Arte pela + Moron”, interação com os lojistas e clientes. “É a inclusão de todos na leitura da arte”, resumiu Tania.
A próxima ação do Festerê Literário será no sábado, dia 11, no Bourbon Shopping e no Bella Città Shopping Center. A programação completa está disponível no site www.jornadadeliteratura.upf.br. A 12ª Jornada Nacional de Literatura acontece de 27 a 31 de agosto, no Campus I da UPF. (Fonte: www.upf.br)

Bradesco registra maior lucro entre bancos privados em 20 anos

O lucro do Bradesco no primeiro semestre deste ano é o maior entre bancos privados de capital aberto dos últimos 20 anos, segundo a consultoria Economática. Se considerar o Banco do Brasil, os R$ 4,007 bilhões de lucro, anunciados nesta segunda-feira, é o segundo maior do período.
De acordo com o levantamento da Economática, o maior lucro no primeiro semestre dos últimos 20 anos pertence ao Banco do Brasil, que em 2006 informou R$ 4,032 bilhões (valor ajustado pelo IPCA até junho deste ano).
Em conferência telefônica, o presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, atribuiu o desempenho do Bradesco ao cenário positivo da economia brasileira. Entre os fatores favoráveis, citou a recuperação da economia no semestre, "apesar dos problemas de infra-estrutura", as decrescentes taxas de desemprego, os investimentos entrangeiros no país e o aumento da renda da população.
Segundo ele, o cenário positivo deve se manter no segundo semestre, a despeito da crise das hipotecas nos Estados Unidos, que tem assustado os mercados nas últimas duas semanas.
"Não vejo risco de contágio da economia e nas operações de crédito imobiliário no país, já que não é o mesmo sistema aqui e nos Estados Unidos. O mercado se ajusta rapidamente. Os fundamentos da economia brasileira são favoráveis", disse Cypriano.
Do ponto de vista operacional do Bradesco, maior banco privado do país, Milton Vargas, vice-presidente, identificou o crescimento de 27,9% do lucro semestral ao "aumento do volume das operações de crédito e da receita de serviços bancários, fruto de uma maior base de clientes e da aquisição da Amex, ao controle rígido de custos e ao aumento das atividades de seguros, previdência e capitalização".
"O maior destaque do desempenho do banco é o segmento de seguros, previdência e capitalização, que atingiu R$ 1,2 bilhão, no 14º trimestre consecutivo de crescimento, nos mantendo como líderes em faturamento no Brasil e na América Latina", afirmou Cypriano.
Segundo a empresa, atividades de seguros, previdência e capitalização representaram 31% do lucro líquido no semestre e as atividades financeiras, 69%, a R$ 2,782 bilhões.
Crédito
Os ativos totais do banco atingiram R$ 290,56 bilhões, salto de 24,7% sobre junho do ano passado. Também um dos propulsores da expansão do Bradesco, a carteira de crédito --considerando avais, fianças e cartões de crédito-- totalizou R$ 130,81 bilhões, em um avanço de 22,9% sobre o primeiro semestre de 2006.
A estimativa do Bradesco é ampliar a carteira de crédito entre 20% e 25% neste ano. Para o segmento de pessoas físicas, a taxa de crescimento é de 25% a 30%. E para o segmento de pessoas jurídicas, foi revisada para entre 21% e 27%, ante a estimativa inicial de 19% a 24%.
Até junho deste ano, as operações com pessoas físicas foram de R$ 49,83 bilhões, número 21,9% superior na comparação com o saldo do mesmo período de 2006. No segmento de pessoas jurídicas, o saldo em junho deste ano foi de R$ 80,98 bilhões, num incremento de 23,5%.
Quanto à inadimplência, Vargas anunciou expectativas de manutenção dos níveis de inadimplência, acompanhando a perspectiva de expansão do crédito.
"À medida que aumenta o crédito, aumenta a inadimplência em números absolutos, mas os percentuais se mantêm os mesmos. Mas nosso nível é confortável. Com o aumento do emprego e da renda, não há receio de que aumente muito", afirmou Vargas. (Fonte: http://www.folha.uol.com.br/)

MEC e OAB firmam nova parceria

O Ministério da Educação e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) firmaram parceria para acompanhar a qualidade dos cursos de direito. O MEC passará a fazer o cruzamento dos resultados preliminares do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), em especial os já disponíveis do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), com os resultados do exame da Ordem para melhorar a qualidade do ensino jurídico no País.
De acordo com o secretário de Educação Superior do MEC, Ronaldo Mota, com base nesse cruzamento, que fornece indicadores preliminares, será estabelecida uma agenda de trabalho de supervisão e regulação do sistema do ensino de direito. Com isso, o MEC poderá tomar providências, se for o caso, no que diz respeito ao processo de supervisão, reconhecimento ou renovação de reconhecimento dos cursos. Aqueles com baixos conceitos no Enade e que, em caráter adicional, apresentem pequenos índices de aprovação no exame de Ordem são candidatos a passar pelo processo de supervisão.
“Se ficar comprovado, após processo adequado e de acordo com as normas vigentes, que uma instituição forma mal seus estudantes e não os prepara bem para o exercício profissional, há motivos de sobra para se tomar providências, que podem variar de suspensão de processo seletivo, não-reconhecimento do curso e, no limite, descredenciamento da instituição”, explicou Ronaldo Mota. O MEC aguarda os dados gerais do exame de Ordem para poder efetivar os devidos cruzamentos propostos na parceria.(Fonte: www.mec.gov.br)

domingo, 5 de agosto de 2007

Laboristas y conservadores en la era de Gordon Brown

Importante texto de Anthony Giddens no El País, intitulado "Laboristas y conservadores en la era de Gordon Brown".


La Tercera Vía es una etiqueta que designa la necesidad de poner al día el pensamiento de centro izquierda dadas las grandes transformaciones que está experimentando el mundo y, sobre todo, la influencia de la globalización, la interdependencia creciente de la economía mundial.
La Primera Vía es la izquierda socialdemócrata tradicional, que dominó las ideas y las prácticas políticas en el primer periodo de posguerra. Sus bases son la economía keynesiana y la noción de que el Estado debe sustituir al mercado en áreas fundamentales de la vida económica. Esta perspectiva fracasó a medida que la economía se globalizó y empezó a reconocerse que el Estado, muchas veces, es ineficaz, torpe y burocrático. La Segunda Vía es el thatcherismo o fundamentalismo del mercado; la convicción de que es preciso extender al máximo el ámbito del mercado, porque éste es quien distribuye los recursos de forma más racional y eficiente.
El thatcherismo produjo algunas innovaciones importantes y fue importante a la hora de restablecer la competitividad británica. Pero murió de muerte natural, cuando se hicieron visibles sus limitaciones. Durante los años de Thatcher, la pobreza y las desigualdades aumentaron más en el Reino Unido que en prácticamente cualquier otro país desarrollado. Y las inversiones en servicios públicos se fueron a pique. Era, pues, absolutamente necesario buscar una tercera alternativa, una estrategia política que tratase de conciliar la competitividad económica con la protección social y la lucha contra la pobreza.
Algunos han considerado que la Tercera Vía era un nombre para los titulares, un truco de relaciones públicas sin más, un punto de vista político vacío de contenido sustancial. Esta opinión está muy equivocada. El laborismo ha ganado tres elecciones sucesivas por primera vez en su historia, y muy bien podría ganar la cuarta, precisamente porque la Tercera Vía está llena de contenido. Seguramente, Gordon Brown no utilizará el término, y yo mismo he dejado de usarlo por todo lo que se ha malinterpretado. Pero Brown no va a volver al viejo laborismo, y no cabe duda de que utilizará -y seguirá desarrollando- la estructura fundamental del pensamiento político de la Tercera Vía.
Dicha estructura se basa en una serie de principios estratégicos clave, bien diferenciados del pensamiento de izquierdas tradicional. El primero es: apoderarse del centro político. Ningún partido socialdemócrata puede triunfar hoy si pretende atraer a una clase determinada. Lo importante es tratar de mover el centro de gravedad político hacia la izquierda. En los diez últimos años, el laborismo ha sabido hacerlo.
El segundo principio es: asegurar la fortaleza de la economía. Garantizar más justicia social significa contar con una economía más sólida, no al revés. Como es natural, éste ha sido uno de los puntos fuertes de Gordon Brown. Los gobiernos laboristas anteriores, casi sin excepción, acabaron en crisis económica a los pocos años de tener el poder.
El tercer principio es el de hacer grandes inversiones en los servicios públicos pero insistir en que vayan acompañadas de reformas destinadas a hacer que dichos servicios sean más eficientes y transparentes y tengan más capacidad de reacción. Para ello son esenciales la posibilidad de elección y la competencia.
El cuarto principio es crear un nuevo contrato entre el Estado y los ciudadanos, que incluya tanto derechos como responsabilidades. El gobierno debe proporcionar los recursos necesarios para ayudar a la gente a construir su propia vida; pero la gente debe cumplir con su parte del pacto. Por ejemplo, hasta ahora, las prestaciones de desempleo eran un derecho incondicional. Ahora bien, esa situación invita a no asumir ninguna responsabilidad personal y tiene el efecto de impedir el acceso de los trabajadores a determinados puestos de trabajo. Las personas que pierden su empleo deben responsabilizarse de buscar trabajo y, al mismo tiempo, deben tener la posibilidad de actualizar su formación cuando lo necesiten. Es una estrategia que ha demostrado su eficacia. Gran Bretaña posee uno de los índices de empleo más elevados del mundo, y por encima de un salario mínimo en alza.
Por último, el principio más controvertido -aunque crucial para el éxito del laborismo-: no permitir que la derecha política monopolice ninguna cuestión, una posición en la que Brown también se mantendrá. La derecha suele dominar siempre en áreas como el orden público, la inmigración y el terrorismo; tenemos que buscar soluciones de centro izquierda a estos problemas. Dadas las repercusiones que tiene el hecho de vivir en un mundo más globalizado, es preciso que encontremos un nuevo equilibrio entre las libertades civiles y la seguridad.
Gordon Brown seguirá recurriendo a la Tercera Vía, igual que, en la práctica, lo hacen hoy todos los líderes de centro izquierda del mundo entero a los que les va bien. Eso no significa que no vaya a buscar nuevas estrategias y hacer cambios. No tiene más remedio. Como dijo él mismo, "se han cometido errores"; no sólo uno catastrófico en política exterior, sino también muchos en los asuntos nacionales. Por ejemplo, el laborismo no ha actuado suficientemente contra las desigualdades, y Brown tiene que volver a estudiar la cuestión de las libertades civiles. Pero no abandonará las ideas centrales que han transformado el rostro político del país.
Así que el pesimismo que era tan visible en las filas laboristas hace unos meses se ha evaporado. De pronto, con un nuevo líder y primer ministro, todo vuelve a parecer posible. Mientras tanto, los conservadores, que, hace poco, parecían acumular una ventaja amplia y sostenida en los sondeos, parecen vulnerables y sin rumbo. ¿Por qué?
Una explicación podría ser el previsible efecto Brown, un cambio meramente temporal de opinión debido a toda la atención que ha suscitado el traspaso de poderes en el gobierno del Reino Unido. Quizá Gordon Brown no aguante bien la transición al cargo de primer ministro. En otros países ha habido casos (el más conocido es el de Paul Martin en Canadá) de políticos que habían tenido éxito como ministros de Hacienda y, sin embargo, fracasaron al hacerse cargo del mando supremo. Ahora bien, David Cameron haría mal en fiarse de esa posibilidad. Brown es un político excepcional. En encanto y atractivo personal no es Blair, pero, a estas alturas, es posible que los electores prefieran otro estilo de liderazgo, y Brown podría ser la persona adecuada para proporcionarlo.
Lo que tienen que hacer los conservadores es revisar seriamente su estrategia. Cameron ha sido una inyección de aire fresco en el partido. Muchos de los cambios que ha hecho eran necesarios. El thatcherismo está muerto; Blair ha vencido nada menos que a cuatro rivales conservadores que se empeñaron en seguir siendo thatcheristas.
Pero Cameron parece haber creído que el nuevo laborismo triunfó porque supo manipular la opinión pública, que todo su fundamento eran las relaciones públicas y las frases para titulares. Es una idea muy extendida, pero está muy equivocada. Desde el principio, la base del nuevo laborismo fue una agenda política detallada y sólida, que se basaba en un análisis serio y minucioso del mundo en transformación.
No veo un análisis similar en los discursos de David Cameron. Cualquier gran transformación en política tiene unas bases intelectuales. Por ejemplo, el thatcherismo se construyó a partir de importantes revisiones de la teoría económica. Se desecharon las ideas keynesianas y se dijo que el Estado de bienestar estaba creando unos ciudadanos pasivos y dependientes. Cameron necesita una contribución intelectual más seria y constante a sus ideas.
Por último, es fácil ver todos los defectos que tiene un concepto de los conservadores, la responsabilidad social, a la que David Cameron da tanta importancia. Pretende que este concepto sea la línea de separación entre conservadores y laboristas. Brown, afirma Cameron, cree en el gobierno desde arriba y en el gran Estado, mientras que los conservadores quieren transferir el poder a la gente de la calle, en particular a través de grupos no gubernamentales como las asociaciones de voluntariado.
En primer lugar, es muy posible que Brown eche por tierra las expectativas y se dedique, él mismo, a promover una transferencia radical de poderes. Ya ha dado señales de ello al aceptar -aunque con retraso- las academias municipales, y va a hacer lo mismo con los hospitales controlados por fundaciones. Pero más importante aún es el hecho de que no se han estudiado debidamente las repercusiones de la responsabilidad social en la estrategia política.
Hace poco di una charla en un think-tank conservador de Londres. Hablé sobre la importancia que tiene el cambio de estilo de vida como concepto en la política actual, en áreas que van desde el cambio climático hasta la salud. La reacción de un importante político que se encontraba entre el público fue decir que estamos de nuevo ante el Estado niñera y que la gente debe poder tomar sus decisiones sin que el gobierno interfiera con su propaganda. Dijo que no deberían existir prohibiciones de fumar, que los conductores sólo deberían llevar el cinturón si les apetece y que no deberían hacerse campañas sobre los hábitos alimenticios. Cuando le pregunté cómo era compatible eso con la responsabilidad social que él mismo había ensalzado unos minutos antes, no supo responderme. Es evidente que conseguir que la gente asuma más responsabilidad social por sus acciones significa cambiar su comportamiento. En aquella discusión, bastante exhaustiva, no oí ninguna sugerencia sobre cómo lograrlo.
Anthony Giddens es sociólogo británico. Traducción de María Luisa Rodríguez Tapia. Jornal El País, 25/07/2007.