quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Concurso de bolsas para jovens do Coletivo Latino-americano de Jovens

O Projeto Coletivo Latino-americano de Jovens Promotores de Juventude, da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO), oferece bolsas de estudo com o objetivo de gerar espaços onde os jovens da América Latina e Caribe atuem e participem na produção de conhecimento sobre juventude. Podem se inscrever jovens entre 18 e 30 anos, que estejam interessados em estimular o conhecimento sobre a juventude, e que possam aportar visibilidade sobre este tema, influenciando a participação juvenil no desenvolvimento social, nas políticas públicas e programas sociais nos diferentes países.
As propostas devem ser criativas e analíticas, que tratem de realidades relevantes à juventude, e se priorizarão projetos com metodologias inovadoras. Se valorizará especificamente aqueles jovens que tenham condições para dar sustentabilidade ao Coletivo e cujo interesse no conhecimento não seja apenas acadêmico, mas que dê voz aos setores juvenis. Podem participar jovens dos seguintes países: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Peru, República Dominicana e Uruguai . A quantia oferecida aos vencedores é de US$ 1.000 a US$ 5.000.
As propostas serão analisadas por um Conselho Internacional, anunciando a seleção final dos ganhadores em 30 de outubro. As inscrições devem ser feitas pelo site www.colectivojuventud.org até 17 de setembro.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Empresas Gaúchas - Vinícola Miolo

Em tempos de crise no setor público, nossos bons exemplos têm vindo do setor privado. As mudanças econômicas produzidas na serra do Rio Grande do Sul nos últimos vinte anos, onde várias empresas gaúchas tornaram-se referências nacionais e internacionais em seus negócios , merecem estudo e acompanhamento. Dentre as várias empresas que podemos citar, rendo uma pequena homenagem à Vinícola Miolo, que soube transformar dificuldade em prosperidade, com muita perserverança, capacidade de inovação e empreendedorismo.

Darcy Miolo (Sócio-Proprietário da Vinícola Miolo) e Eduardo Capellari

No final da década de 80, uma crise atingiu as cantinas gaúchas dificultando a comercialização de uvas finas e forçando a família Miolo, a partir de 1989, a produzir o seu próprio vinho para a venda a granel para outras vinícolas. Surge então a Vinícola Miolo. Alguns anos depois, em 1994, a empresa evolui para mais uma fase lançando seu próprio vinho. A primeira garrafa assinada pela família foi um merlot safra 1990, que na partida inicial teve 8 mil garrafas produzidas. O crescimento foi muito rápido. Tão rápido que a família percebeu que precisaria montar um plano ordenado de expansão para garantir um crescimento sustentável.
Para isso, era necessário centrar um plano focado na qualidade. A paixão pela vitivinicultura e o desejo de levar mundo afora o vinho fino brasileiro inspirou a família Miolo a tomar a decisão de expandir o negócio. Inicia-se então em 1998 o Projeto Qualidade. De lá pra cá a empresa não parou mais de crescer, com investimentos constantes na terra iniciado o Projeto de Expressão do Terroir Brasileiro, em tecnologia, em recursos humanos e no próprio consumidor.
Para a Miolo estar presente nas cinco principais regiões produtoras de vinhos finos do Brasil algumas alianças estratégicas foram feitas. O trabalho realizado em conjunto com a Empresa Lovara é um desses exemplos, que tem trazido resultados importantes no Vale do São Francisco e na Serra Gaúcha. O desenvolvimento do vinho RAR, com o empresário Raul Anselmo Randon, também merece destaque e reforça o conceito da Expressão do Terroir Brasileiro - que procura aproveitar a rica diversidade de climas e solos do país.
A Miolo tem o futuro organizado até 2012 através do seu Planejamento Estratégico, elaborado no ano de 2002. O documento apresenta como a empresa pretende cumprir seus objetivos a longo prazo, registra a missão, os princípios e a visão da Miolo em ser a referência do vinho fino brasileiro.
Para o sonho se tornar realialidade, metas foram traçadas nesse Planejamento Estratégico:
• ter 1000 ha de vinhedos próprios;
• produzir 12 milhões de litros de vinhos finos por ano;
• exportar 30% da sua produção anual;
• faturar R$ 150 milhões/ano;
• ser o maior negócio de vinhos finos do Brasil.

Inovação e desenvolvimento

Inovação e desenvolvimento
Gilson Schwartz
Guilherme Ary Plonski
O BRASIL novamente se defronta com o desafio histórico de realizar um salto de desenvolvimento: reservas internacionais em nível recorde, contas públicas contidas, ambiente internacional tenso -mas com vigor suficiente para dar dinamismo ao setor externo da economia, na iminência da premiação do país pelas agências globais de classificação de risco.
Como em poucas vezes na história deste país, estão dadas as condições de financiamento, inserção internacional e organização empresarial para aumentar significativamente a taxa média de crescimento econômico e de consumo popular.
De fato, em várias outras oportunidades, o país reuniu condições igualmente extraordinárias de crescimento -em alguns casos, falou-se até em "milagre". Como se sabe, no entanto, o bolo cresceu muitas vezes sem ser distribuído sequer razoavelmente.
E nunca é demais lembrar que o crédito, mesmo quando abundante, significa o adiamento de uma despesa, e não a elevação sem limites da capacidade de gasto (como estão aprendendo a duras penas os credores e devedores do sistema imobiliário norte-americano, com repercussões em todo o mundo). Os dados mais recentes do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) indicam uma espetacular taxa de crescimento, chinesa, no consumo e na renda de setores de menor renda na economia brasileira. As causas são amplamente conhecidas: da queda na inflação que tira do assalariado a canga mensal sobre o salário à expansão do crédito reforçada pela queda nos juros que a inflação menor permite, a receita do círculo virtuoso tem funcionado, em movimento amparado pela incessante acumulação de reservas num cenário internacional de liquidez abundante.
Porém, como sempre neste país, a questão central é agir para que a retomada do crescimento ocorra de forma sustentável não apenas na ótica macroeconômica clássica (inflação, câmbio e juros) mas sobretudo na perspectiva do desenvolvimento humano, ou seja, da distribuição de renda, poder e conhecimento.
A inserção virtuosa na globalização e a criação de novos mercados são condições para que o impulso ao consumo de massa, popular e da baixa renda dos últimos anos seja convertido em aumento da produtividade, do investimento e, cada vez mais, da inteligência nos negócios.
A complexidade e a competição inteligente formam um cenário inédito na história do capitalismo, a exigir de empresas, governos, universidades e organizações da sociedade civil novas competências de negociação, comunicação e redes de confiança.
As redes de informação e comunicação digitais podem cumprir uma função comunitária dando impulso a uma "inteligência cívica", resultado e requisito da inteligência nos negócios. Os desafios de formulação de políticas públicas e estratégias privadas de gestão dessas novas tecnologias constituem um fulcro da reconstrução da cidadania, da República e da solidariedade.
Há possibilidades de emancipação digital por meio da colaboração entre setor público e setor privado na solução dos problemas nacionais, do uso das tecnologias de informação e comunicação em favor do desenvolvimento humano e de um foco intensivo na inovação como elo entre crescimento econômico e distribuição de renda.
O país está preparado macroeconômica e institucionalmente para um salto de desenvolvimento, uma reconfiguração de seus domínios no espaço, no tempo e no universo digital. O salto não depende apenas da existência de recursos fiscais, de mecanismos de financiamento ou de descobertas científicas. Todos esses elementos estão presentes neste momento do século 21, mas o Brasil parece retardatário diante das economias de referência, os chamados Brics (com Rússia, Índia e China).
Nesses países as taxas de crescimento do consumo, do investimento, das reservas internacionais e de bem-estar social estão associadas, se é que não resultam mesmo, de taxas igualmente aceleradas de desenvolvimento tecnológico, científico e educacional. Nos três casos, as parcerias entre setor público, setor privado e instituições de ensino e pesquisa são evidentes e cada vez mais intensas. Cabe à sociedade brasileira assumir o desafio e constituir uma nova cidadania fundada no conhecimento, na cultura, na educação e na tecnologia.
GILSON SCHWARTZ , economista, sociólogo e jornalista, é criador e líder do grupo de pesquisa Cidade do Conhecimento ( www.cidade.usp.br ), da Escola de Comunicações e Artes da USP, e professor de iconomia da USP. Autor do livro "As Profissões do Futuro" (Publifolha, 2001).

GUILHERME ARY PLONSKI , engenheiro, é coordenador científico do Núcleo de Política e Gestão Tecnológica da USP, professor titular da Faculdade de Economia e Administração e professor associado da Poli, ambas da USP. Foi diretor superintendente do IPT (2001-2006).