Recentemente os brasileiros tiveram a oportunidade de observar uma situação paradoxal com a participação de seu ilustre Presidente, Fernando Henrique Cardoso, no encontro ocorrido no Palazzo Vecchio, em Florença, na Itália, promovido pelo Instituto Universitário Europeu de Florença e pela Universidade de Nova York, com a participação de chefes de Estado e de Governo, em uma espécie de reunião informal entre líderes de tendência progressista – denominado "Il Reformismo nel siglo 21".
Finalmente fomos aceitos, em nossa condição de "emergentes", pelo "clube dos grandes", como uma peça fundamental no cenário internacional e de forma honrosa tivemos nosso Chefe de Estado e de Governo ao lado de Tony Blair (Inglaterra), Gerhard Schroeder (Alemanha), Lionel Jospin (França), Bill Clinton (Estados Unidos) e Massimo D'Alema (Itália) debatendo, na cidade natal de Nicolau Maquiavel (mera coincidência), soluções "progressistas" para o mundo globalizado do século XXI.
O encontro ocorreu em um contexto geral cujos principais atores - Estados Unidos, Europa e Japão - têm percebido que as conseqüências das transformações político-econômicas iniciadas na década de 80 - sob os auspícios do que convencionou-se chamar de neoliberalismo - apontam para uma realidade insustentável: a intensificação das relações comerciais não provocaram um "admirável mundo novo", mas sim aprofundaram os já velhos e conhecidos problemas - a brutal concentração da riqueza, com a exclusão de regiões inteiras do planeta das condições mínimas de vida, aumento das desigualdades sociais intra-países, com altos níveis de desemprego, e uma série de outros elementos , caracterizando uma realidade complexa cuja necessidade de busca de saídas, articulação de propostas ( cujos fundamentos, certamente, passarão pela superação dos pressupostos que orientaram o debate político-econômico do século XX) é cada vez mais premente.
A situação foi paradoxal: Fernando Henrique Cardoso defendendo perante "os outros" líderes mundiais mudanças na composição dos organismos políticos e financeiros internacionais, para "alargar sua base de legitimidade" e a imposição de regras sobre o mercado de capitais para a prevenção de crises, bem como outras mudanças estruturais capazes de gerar um processo de desenvolvimento auto-sustentável em direção a uma sociedade mais justa - e tudo isso em um encontro de "líderes progressistas".
Enquanto isso, na Terra do Pau Brasil, um relatório elaborado anualmente pelo Observatório da Cidadania apontava cortes orçamentários na área social que chegaram a 23,7% dos R$ 8,6 bilhões orçados para 1999, em função do pacote fiscal acordado pelo Brasil com o Fundo Monetário Internacional. Além disso, economistas brasileiros afirmavam que em virtude da falta de qualquer espécie de controle promovido pelo governo brasileiro sobre o fluxo de capitais para fora do país, permitiu-se a remessa de R$ 70 bilhões até o fim do mês de outubro de 1999.
Um Presidente latino-americano posando para a imprensa internacional como um líder progressista de centro-esquerda (afinal, não esqueçamos o passado de intelectual marxista, com passagem pela Université de Sorbone) , tomando iniciativas no sentido de propor alternativas aos problemas do mundo globalizado, e no plano interno liderando um governo sustentado em uma aliança fundada na tecnocracia econômica e na oligarquia dos velhos senhores, promovendo a abertura do país sem qualquer espécie de preocupação com as conseqüências para a economia nacional, gerindo um processo de concentração de recursos públicos e privados sem precedentes, sem qualquer ação coordenada que aponte a existência de um projeto de desenvolvimento que promova a resolução dos problemas sociais brasileiros.
O Brasil está necessitando urgentemente de líderes e partidos políticos que tenham a coragem de superar determinadas formas tradicionais de encarar o debate sobre o desenvolvimento e a inserção do país no cenário global, e para tanto precisamos de dirigentes que expressem a realidade de nosso país e não um Presidente feito sob encomenda para " o inglês" ver.
Finalmente fomos aceitos, em nossa condição de "emergentes", pelo "clube dos grandes", como uma peça fundamental no cenário internacional e de forma honrosa tivemos nosso Chefe de Estado e de Governo ao lado de Tony Blair (Inglaterra), Gerhard Schroeder (Alemanha), Lionel Jospin (França), Bill Clinton (Estados Unidos) e Massimo D'Alema (Itália) debatendo, na cidade natal de Nicolau Maquiavel (mera coincidência), soluções "progressistas" para o mundo globalizado do século XXI.
O encontro ocorreu em um contexto geral cujos principais atores - Estados Unidos, Europa e Japão - têm percebido que as conseqüências das transformações político-econômicas iniciadas na década de 80 - sob os auspícios do que convencionou-se chamar de neoliberalismo - apontam para uma realidade insustentável: a intensificação das relações comerciais não provocaram um "admirável mundo novo", mas sim aprofundaram os já velhos e conhecidos problemas - a brutal concentração da riqueza, com a exclusão de regiões inteiras do planeta das condições mínimas de vida, aumento das desigualdades sociais intra-países, com altos níveis de desemprego, e uma série de outros elementos , caracterizando uma realidade complexa cuja necessidade de busca de saídas, articulação de propostas ( cujos fundamentos, certamente, passarão pela superação dos pressupostos que orientaram o debate político-econômico do século XX) é cada vez mais premente.
A situação foi paradoxal: Fernando Henrique Cardoso defendendo perante "os outros" líderes mundiais mudanças na composição dos organismos políticos e financeiros internacionais, para "alargar sua base de legitimidade" e a imposição de regras sobre o mercado de capitais para a prevenção de crises, bem como outras mudanças estruturais capazes de gerar um processo de desenvolvimento auto-sustentável em direção a uma sociedade mais justa - e tudo isso em um encontro de "líderes progressistas".
Enquanto isso, na Terra do Pau Brasil, um relatório elaborado anualmente pelo Observatório da Cidadania apontava cortes orçamentários na área social que chegaram a 23,7% dos R$ 8,6 bilhões orçados para 1999, em função do pacote fiscal acordado pelo Brasil com o Fundo Monetário Internacional. Além disso, economistas brasileiros afirmavam que em virtude da falta de qualquer espécie de controle promovido pelo governo brasileiro sobre o fluxo de capitais para fora do país, permitiu-se a remessa de R$ 70 bilhões até o fim do mês de outubro de 1999.
Um Presidente latino-americano posando para a imprensa internacional como um líder progressista de centro-esquerda (afinal, não esqueçamos o passado de intelectual marxista, com passagem pela Université de Sorbone) , tomando iniciativas no sentido de propor alternativas aos problemas do mundo globalizado, e no plano interno liderando um governo sustentado em uma aliança fundada na tecnocracia econômica e na oligarquia dos velhos senhores, promovendo a abertura do país sem qualquer espécie de preocupação com as conseqüências para a economia nacional, gerindo um processo de concentração de recursos públicos e privados sem precedentes, sem qualquer ação coordenada que aponte a existência de um projeto de desenvolvimento que promova a resolução dos problemas sociais brasileiros.
O Brasil está necessitando urgentemente de líderes e partidos políticos que tenham a coragem de superar determinadas formas tradicionais de encarar o debate sobre o desenvolvimento e a inserção do país no cenário global, e para tanto precisamos de dirigentes que expressem a realidade de nosso país e não um Presidente feito sob encomenda para " o inglês" ver.