domingo, 23 de setembro de 2007

Centro de estudos do Brasil em Oxford ameaçado

Depois de mais de 10 anos, de 200 eventos e 100 publicações, o maior centro de estudos brasileiros no exterior, da Universidade de Oxford, uma das mais importantes do mundo, está ameaçado por falta de patrocínio. Já perdeu sua casa. Em agosto, saiu do seu endereço próprio, 92Woodstock Road, voltando para o Centro de Estudos Latino-Americanos (1 Church Walk). Se os patrocinadores não se coçarem até o final do ano, pode fechar.
O diretor do centro, historiador Leslie Bethell, editor da Cambridge History of Latin America, ainda tem esperança de "uma solução na última hora, como é tão comum no Brasil".
Na semana passada, o historiador José Murilo de Carvalho fez um apelo no jornal O Globo, destacando a importância do centro, que organiza uma grande conferência sobre Brasil e outra sobre Amazônia, além de inúmeros seminários, estudos e pesquisas sobre Brasil em nível de pós-graduação. Trabalha nas áreas de política, economia, relações internacionais, meio ambiente, a questão social, literatura e direitos humanos, um "tema importante", assinala Leslie Bethell, lembrando que o primeiro evento do Centro de Estudos Brasileiros de Oxford foi um seminário sobre Democracia e Direitos Humanos.
O centro foi criado por iniciativa dos professores Ralf Dahrendorf e Leslie Bethell, e imediatamente teve o apoio do embaixador do Brasil em Londres na época, Rubens Barbosa, e do ministro da Fazenda, Pedro Malan, entre outras autoridades do governo Fernando Henrique Cardoso, e muitos expoentes do governo Lula passaram por lá, inclusive o próprio presidente, num seminário sobre os 20 anos do PT, com Tarso Genro, Eduardo Suplicy, Cristóvam Buarque e Marco Aurélio Garcia. Várias empresas privadas brasileiras e transnacionais chegaram a financiar as atividades.
Infelizmente muitas empresas brasileiras não vêm a produção de conhecimento como uma atividade digna de investimento. Querem a promoção que Oxford representa ou o desconto no imposto de renda. Nenhum país se desenvolve sem pensar com sua própria cabeça e, na medida em que cada vez mais empresas brasileiras se internacionalizam, seria lógico esperar que financiem centros de estudos sobre o país para aumentar sua presença no exterior também nos meios acadêmicos. Caminhamos de costas em direção ao futuro. (Fonte: Coluna Nelson Jobim, http://www.baguete.com.br/).

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