sábado, 28 de julho de 2007

Universidades do Nordeste atraem capital externo

Menor margem de rentabilidade estimula a formação de grandes grupos educacionais. Novas inversões de capital estrangeiro devem acentuar o movimento de fusões e aquisições no mercado de ensino superior privado em 2007. Depois da compra de 51% da Universidade Anhembi Morumbi, no final de 2005, o grupo norte-americano Laureate Education Inc. estuda novas aquisições no Brasil. A rede internacional já teria acertado a participação acionária na Universidade Potiguar (UnP), de Natal, no Rio Grande do Norte. Segundo Sérgio Duque Estrada, sócio-diretor da Valormax, mesma consultoria financeira que assessorou a Anhembi Morumbi em sua reestruturação, o grupo Laureate é apenas um entre cinco grupos interessados na UnP. Que ainda não está preparada para venda. "A empresa está em um processo de profissionalização. E as oportunidades só serão analisadas depois que a reestruturação estiver concluída." Ele cita, entre os interessados, outro grupo norte-americano - Whitney International University System - que acaba de fazer um aporte inicial de R$ 23 milhões na Faculdades Jorge Amado, de Salvador. Chris Symanoskie, diretor de relações institucionais da Laureate Education, não confirma o investimento na UnP. Em entrevista por telefone da sede da empresa, em Baltimore, no estado de Maryland, Symanoskie reafirmou apenas o interesse da rede em continuar expandindo no País. "O Brasil é um mercado prioritário", afirmou o executivo da Laureate, que reúne mais de 240 mil alunos em 15 países da Europa, Ásia e em toda a América. Quando chegou ao Brasil, a Laureate expressou sua intenção de chegar a uma rede de 100 mil alunos no País. A Anhembi Morumbi tem hoje ao redor de 25 mil alunos. Fundada pelo professor Paulo Vasconcelos de Paula, em 1981, a UnP tem 18.000 alunos. O empresário ainda é proprietário da Faculdade Guararapes, em Recife (PE), outra em João Pessoa, na Paraíba, e está duplicando sua unidade em Mossoró. A Valormax está assessorando a UnP há um ano e meio. "Estamos adequando todos os processos internos e introduzindo novos procedimentos de controle financeiro. Outro fundo - Advent International - e investidores nacionais como o Banco Pátria também analisam a possibilidade de investir na UnP, diz Estrada. Essas movimentações devem se acentuar ao longo deste ano, que promete ser crítico para as instituições de ensino superior privado, avalia Ryon Braga, presidente da Hoper Consultoria. Ele prevê um acentuado movimento de fusões e aquisições devido ao acirramento da concorrência, à redução da demanda e à perda da rentabilidade. O segundo semestre de 2006 já sinalizava esse cenário. Entre 50 e 60 instituições de pequeno porte, com 300 a 500 alunos, fecharam suas portas, diz Braga. Segundo ele, a margem de rentabilidade das empresas com fins lucrativos caiu de 13% em 2005 para 6,8% em 2006. As universidades sem fins lucrativos tiveram sua margem reduzida de 20% em 2005 para 12% a 13% em 2006. Algumas universidades de grande porte já iniciaram forte processo de reestruturação operacional para preparar sua venda. "Temos hoje 14 grandes grupos tentando consolidar suas posições através de aquisições de novas instituições." Em sua avaliação, das 2.142 instituições particulares existentes hoje, restarão apenas 1,5 mil no prazo de dois a três anos. Uma redução de 30%. "Do mesmo modo que ocorreu com diversos setores da economia, como supermercados e bancos, o setor de ensino privado deflagra uma "corrida de gigantes" rumo a uma maior concentração de alunos e possibilidade de economia em escala." Segundo ele, "a Laureate negocia a compra de pelo menos outras cinco instituições de grande porte e pode vir a se tornar um dos cinco maiores grupos do País." O maior grupo de ensino superior privado brasileiro hoje é a Universidade Estácio de Sá, com sede no Rio de Janeiro, com 180 mil alunos espalhados por 56 unidades em 11 unidades da federação. Entre as de grande porte, figuram a Universidade Salgado de Oliveira, também com sede no Rio, com mais de 60 mil alunos, presente em sete estados; a Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), do Rio Grande do Sul, com mais de 50 mil alunos, presentes em seis estados e no Uruguai; e a mantenedora da Universidade Paulista (Unip), presente em mais de dez estados do Brasil."A Estácio de Sá já passa por forte reestruturação administrativa, conduzida pela PricewaterhouseCoopers, para migrar de empresa sem fins lucrativos para empresa com fins lucrativos. O objetivo é preparar a universidade para uma venda parcial ou total," avalia Braga. Além de grandes universidades, surgem as holdings educacionais, conjunto de instituições mantidas pela mesma mantenedora. É o caso da Anhanguera Educacional, com mais de 30 mil alunos em 14 instituições, em dez cidades e com planos para 25 cidades. A Anhanguera recebeu, no final de 2006, aporte de capital de US$ 12 milhões do IFC, braço financeiro do Banco Mundial, para acelerar seu processo de expansão. Outra holding é a da mantenedora do Centro Universitário UNA, de Belo Horizonte e do Centro Universitário Monte Serrat, em Santos, formada por profissionais com grande experiência na recuperação de instituições de ensino em dificuldades. Braga também destaca a Veris Educacional, de São Paulo, mantenedora das Faculdades Ibmec e das Faculdades IBTA. O formato de holding educacional está sendo aplicado fora das regiões Sul/Sudeste: o Grupo Educacional UNIC, com cinco instituições (em Cuiabá, Salvador, Macapá, Rio Branco e Porto Velho). (www.gazetamercantil.com.br)

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