O grupo Pitágoras, de Minas, vai se tornar a segunda instituição de ensino do País a abrir capital na bolsa de valores. Ontem, a Kroton Educacional, empresa que administra o grupo, publicou um aviso ao mercado sobre o processo. O ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, é um dos donos do conglomerado que começou com um cursinho pré-vestibular nos anos 1960 e hoje tem mais de 190 mil alunos no Brasil e no Japão, em escolas e faculdades. A operação vai permitir a compra de ações por investidores estrangeiros.Em março, a Anhanguera Educacional, grupo do interior de São Paulo, foi a primeira a colocar suas ações na bolsa de valores. A captação foi de R$ 360 milhões, considerada um sucesso.
O dinheiro já foi usado para a compra de uma faculdade em Anápolis. Mais de 75% do capital aberto ficou nasmãos de investidores estrangeiros.Hoje, a legislação brasileira não limita a participação de estrangeiros em universidades ou outras instituições de ensino. O projeto de reforma universitária, proposto pelo Ministério da Educação (MEC) e que ainda não saiu do papel, previa limite de 30% para investimentos de fora. Há educadores que acreditam que a entrada do capital estrangeiro nas instituições pode dificultar o controle de qualidade dos cursos oferecidos. “Abrir o ensino pode ser muito perigoso”, diz a presidente do Núcleo de Pesquisas sobre Ensino Superior (Nupes) da Universidade de São Paulo (USP), Eunice Durhan.
Os envolvidos na operação não podem se pronunciar porque passam pelo período de silêncio do processo, exigido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O prospecto disponível no site da Kroton, no entanto, mostra que mais de 50% do capital poderá ser vendido. Dessa maneira, não haverá sócio majoritário e os acionistas poderão interferir igualmente na organização e decisões da empresa.O prospecto informa que o dinheiro captado será usado para abertura e implantação de novas unidades, aquisição de instituições de ensino superior, manutenção das unidades existentes e quitação de dívidas. O volume de recursos que pode ser captado é de R$ 300 milhões a R$ 400 milhões.“Não há incompatibilidade de um processo desses com a melhoria de qualidade”, diz o educador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Abílio Baeta Neves. Segundo ele, a crescente concorrência no mercado do ensino superior privado e a crise financeira enfrentada por muitas instituições são as causas dessa busca por investimentos. Para o educador, esse dinheiro pode, sim, ser usado para a melhoria dos cursos oferecidos.
O Pitágoras se tornou conhecido também no País por vender apostilas com conteúdo e método pedagógico único para escolas particulares e públicas que queriam substituir o livro didático. (Fonte: http://www.pitagoras.com.br).
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