É incontroverso que a atividade política pública no mundo contemporâneo assumiu, definitivamente, o caráter de espetáculo. As eleições, de fato, possuem tal dimensão, na medida em que têm se constituído em momentos institucionalizados em que personagens encenam / apresentam suas propostas ao público para seu exame e crítica. Tais propostas não constituem, a rigor, formulações originadas do debate cívico de lideranças a partir de opções programáticas claramente definidas.
Constituem sim, produtos da pesquisa de profissionais, que procuram, de alguma forma “captar” as demandas, as reivindicações, os anseios presentes no senso comum coletivo, organizando-os sob a roupagem adequada (simplicidade, emoção, comunicabilidade), para que sejam veiculadas pelos porta-vozes. Portanto, a luta pelos corações e mentes assume caráter eminentemente simbólico. Vencer eleições deste modo significa vencer a batalha nos mass media, importa em assumir o lugar simbólico preponderante no espetáculo, catalisar as emoções e os anseios na fala do artista.
Porém, em que pese tal constatação, vivemos um período histórico no Brasil em que, mais do que nunca, é necessário retomar a condição da ação política como expressão de opções valorativas e programáticas. A ausência de diferenças significativas na ação política cotidiana está a mostrar que, no mesmo passo do aperfeiçoamento e desenvolvimento tecnológico das campanhas eleitorais, chegamos ao esgotamento das propostas partidárias contemporâneas.
A falência da capacidade de investimento do Estado brasileiro, sua incapacidade estrutural em organizar políticas públicas universais e inclusivas, a degradação da esfera pública, o esvaziamento do fundamento ético do Estado como elemento civilizador, demonstram que necessitamos mais de lideranças capazes de construir agendas reformistas e menos de artistas portadores de slogans e mensagens emocionantes. A fome no Brasil certamente não será resolvida com uma logomarca, um 0800 para resolução de dúvidas e apoios financeiros esporádicos fartamente fotografados.
As eleições municipais de 2004 revestem-se de suma importância nesse cenário. Não tanto pelas injunções nas eleições de 2006, nem pela correlação das forças partidárias que será conseqüência do pleito, nem pela forma como será veiculada. Sua importância reside no fato de que o Brasil completou duas décadas de redemocratização, produziu nas esferas municipais e estaduais alternância no poder, e na esfera federal a mais profunda mudança dos quadros dirigentes na história da República, completando o ciclo que se abriu ao final dos anos setenta.
A importância central das eleições municipais de 2004 está afeita à qualidade das lideranças que surgirão apesar das estruturas partidárias, à criatividade das propostas que serão articuladas, em um quadro em que o município – o âmbito local – reassume a condição de possibilidade de políticas públicas inovadoras e criativas. Na esfera municipal restringe-se o espaço do espetáculo, a realidade é mais crua, as propostas de governo precisam guardar relação com sua possibilidade de efetividade.
As lideranças necessárias ao século XXI estarão iniciando seus movimentos, em um processo de profissionalização e qualificação da administração pública, no sentido da superação dos impasses vividos pela sociedade brasileira. A grande novidade vincula-se aos sinais que estarão sendo emitidos pelo Brasil real em sua capacidade de renovar-se e iniciar outro ciclo histórico. Precisamos estar atentos para percebê-los.
Constituem sim, produtos da pesquisa de profissionais, que procuram, de alguma forma “captar” as demandas, as reivindicações, os anseios presentes no senso comum coletivo, organizando-os sob a roupagem adequada (simplicidade, emoção, comunicabilidade), para que sejam veiculadas pelos porta-vozes. Portanto, a luta pelos corações e mentes assume caráter eminentemente simbólico. Vencer eleições deste modo significa vencer a batalha nos mass media, importa em assumir o lugar simbólico preponderante no espetáculo, catalisar as emoções e os anseios na fala do artista.
Porém, em que pese tal constatação, vivemos um período histórico no Brasil em que, mais do que nunca, é necessário retomar a condição da ação política como expressão de opções valorativas e programáticas. A ausência de diferenças significativas na ação política cotidiana está a mostrar que, no mesmo passo do aperfeiçoamento e desenvolvimento tecnológico das campanhas eleitorais, chegamos ao esgotamento das propostas partidárias contemporâneas.
A falência da capacidade de investimento do Estado brasileiro, sua incapacidade estrutural em organizar políticas públicas universais e inclusivas, a degradação da esfera pública, o esvaziamento do fundamento ético do Estado como elemento civilizador, demonstram que necessitamos mais de lideranças capazes de construir agendas reformistas e menos de artistas portadores de slogans e mensagens emocionantes. A fome no Brasil certamente não será resolvida com uma logomarca, um 0800 para resolução de dúvidas e apoios financeiros esporádicos fartamente fotografados.
As eleições municipais de 2004 revestem-se de suma importância nesse cenário. Não tanto pelas injunções nas eleições de 2006, nem pela correlação das forças partidárias que será conseqüência do pleito, nem pela forma como será veiculada. Sua importância reside no fato de que o Brasil completou duas décadas de redemocratização, produziu nas esferas municipais e estaduais alternância no poder, e na esfera federal a mais profunda mudança dos quadros dirigentes na história da República, completando o ciclo que se abriu ao final dos anos setenta.
A importância central das eleições municipais de 2004 está afeita à qualidade das lideranças que surgirão apesar das estruturas partidárias, à criatividade das propostas que serão articuladas, em um quadro em que o município – o âmbito local – reassume a condição de possibilidade de políticas públicas inovadoras e criativas. Na esfera municipal restringe-se o espaço do espetáculo, a realidade é mais crua, as propostas de governo precisam guardar relação com sua possibilidade de efetividade.
As lideranças necessárias ao século XXI estarão iniciando seus movimentos, em um processo de profissionalização e qualificação da administração pública, no sentido da superação dos impasses vividos pela sociedade brasileira. A grande novidade vincula-se aos sinais que estarão sendo emitidos pelo Brasil real em sua capacidade de renovar-se e iniciar outro ciclo histórico. Precisamos estar atentos para percebê-los.
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