O historiador Eric Hobsbawm afirmou certa vez, em uma de suas entrevistas à imprensa brasileira, que a marca de nosso tempo é viver em um "eterno presente", sem conexões que possam conduzir à alguma espécie de reflexão acerca de nossos problemas.
Porém, tal atividade - construir conexões e estabelecer referências - é absolutamente necessária nesses tempos em que as incertezas nos fazem refletir em relação ao futuro da economia brasileira após cinco anos da gestão de Fernando Henrique Cardoso à frente da Governo Federal, onde acompanhamos o aprofundamento de uma série de problemas, tais como os altos índices de desemprego, os altos níveis de endividamento das empresas, a queda do consumo, e vários outros indicadores que demonstraram nesse período um quadro real de recessão e declínio da atividade econômica produtiva.
Precisamos lembrar o que ocorreu no último período da história de nosso país, bem como o que afirmaram algumas personalidades da inteligência nacional e internacional.
Stephen Kanitz, professor da USP, com mestrado em Harvard/USA, pode ser considerado o modelo da euforia que cercou o início do Plano Real , com a estabilização da moeda e posterior eleição de FHC, quando afirmou, nove dias após o pleito presidencial de 1994, que “o novo presidente terá a sorte de governar o país com economia em ritmo acelerado de crescimento, iniciando um novo ciclo com índices de crescimento entre 7% e 8% ao ano, e que perdurará até o ano de 2005.”
Alguns meses após, mais precisamente no início de 1995, Albert Otto Hirschmann, professor de Princeton/USA, afirmava categoricamente que com a eleição de FHC o progresso se dirigia à América Latina.
Dois anos após a posse de FHC, com PFL, PPB, PMDB, PSDB e PTB em franca e pública discussão sobre a emenda da reeleição, ouvimos o economista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT/USA), Rudiger Dornbusch afirmar que a economia brasileira não estava indo a lugar algum. Alertava o governo brasileiro para a defasagem cambial, ou seja, a equiparação artificial entre dólar e real, e explicava a necessidade de retomada do crescimento econômico através do incremento das exportações com uma pequena desvalorização cambial, admitindo índices de inflação de 10% a 15% ao ano. Denunciava a “monomania” do governo brasileiro em colocar, insistentemente, a necessidade de manutenção da inflação baixa como “único elemento da agenda política/econômica nacional”.
Acompanhamos alguns meses após a reeleição de FHC em 1998, obtida ainda no primeiro turno com uma ausência vergonhosa de debate sobre os rumos da economia brasileira, e sobretudo acerca de um projeto para o Brasil, uma série de calamidades. Saímos de uma situação de estabilidade monetária para uma situação de recessão econômica em aprofundamento e instabilidade monetária, com variações bruscas da cotação do dólar ocasionando uma série de problemas às pessoas físicas e jurídicas que celebraram contratos indexados em tal moeda, aprofundando o endividamento de consumidores e empresas. Tal situação de instabilidade foi acompanhada por uma vergonhosa fuga de capitais especulativos, e grande alta nos preços, situação que demonstrou a absoluta falta de instrumentos públicos de controle do fluxo de capitais e da economia.
Enfim até o momento , o resultado do conjunto de ações orquestradas por um governo que teve e mantém maioria esmagadora no Congresso Nacional tem sido a articulação de um ambiente macroeconômico extremamente hostil aos trabalhadores, pequenos e médios empresários nacionais, e prontamente simpático - do ponto de vista das reformas constitucionais encaminhadas e recursos públicos aportados - aos interesses das empresas estrangeiras e eventuais sócios brasileiros.
Com isso estamos completando uma década sem crescimento do PIB, 150 bilhões de dólares mais endividados ( as dívidas externa e interna duplicaram), com índices de desemprego chegando a 15% da PEA ( os mais altos índices desde 1991) e, finalmente, com Municípios e Estados de joelhos perante a União sem a menor possibilidade de investimentos em políticas públicas que possam mudar tal quadro.
É com esse cenário, que notoriamente não combina com nossas potencialidades, que estamos entrando no terceiro milênio. E é a partir dele que precisamos reconhecer todos a necessidade de debate nacional sério sobre os rumos do país, partindo do pressuposto de que as ações econômicas não são fruto de uma " lei natural" e sim resultado de decisões políticas, e que só retomaremos o crescimento almejado com uma postura soberana do governo brasileiro em relação ao mercado financeiro internacional, com a agenda política nacional pautada pela necessidade de investimentos e proteção seletiva dos setores produtivos da economia nacional, buscando a correção das grandes desigualdades regionais e sociais que assolam o país.
Porém, tal atividade - construir conexões e estabelecer referências - é absolutamente necessária nesses tempos em que as incertezas nos fazem refletir em relação ao futuro da economia brasileira após cinco anos da gestão de Fernando Henrique Cardoso à frente da Governo Federal, onde acompanhamos o aprofundamento de uma série de problemas, tais como os altos índices de desemprego, os altos níveis de endividamento das empresas, a queda do consumo, e vários outros indicadores que demonstraram nesse período um quadro real de recessão e declínio da atividade econômica produtiva.
Precisamos lembrar o que ocorreu no último período da história de nosso país, bem como o que afirmaram algumas personalidades da inteligência nacional e internacional.
Stephen Kanitz, professor da USP, com mestrado em Harvard/USA, pode ser considerado o modelo da euforia que cercou o início do Plano Real , com a estabilização da moeda e posterior eleição de FHC, quando afirmou, nove dias após o pleito presidencial de 1994, que “o novo presidente terá a sorte de governar o país com economia em ritmo acelerado de crescimento, iniciando um novo ciclo com índices de crescimento entre 7% e 8% ao ano, e que perdurará até o ano de 2005.”
Alguns meses após, mais precisamente no início de 1995, Albert Otto Hirschmann, professor de Princeton/USA, afirmava categoricamente que com a eleição de FHC o progresso se dirigia à América Latina.
Dois anos após a posse de FHC, com PFL, PPB, PMDB, PSDB e PTB em franca e pública discussão sobre a emenda da reeleição, ouvimos o economista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT/USA), Rudiger Dornbusch afirmar que a economia brasileira não estava indo a lugar algum. Alertava o governo brasileiro para a defasagem cambial, ou seja, a equiparação artificial entre dólar e real, e explicava a necessidade de retomada do crescimento econômico através do incremento das exportações com uma pequena desvalorização cambial, admitindo índices de inflação de 10% a 15% ao ano. Denunciava a “monomania” do governo brasileiro em colocar, insistentemente, a necessidade de manutenção da inflação baixa como “único elemento da agenda política/econômica nacional”.
Acompanhamos alguns meses após a reeleição de FHC em 1998, obtida ainda no primeiro turno com uma ausência vergonhosa de debate sobre os rumos da economia brasileira, e sobretudo acerca de um projeto para o Brasil, uma série de calamidades. Saímos de uma situação de estabilidade monetária para uma situação de recessão econômica em aprofundamento e instabilidade monetária, com variações bruscas da cotação do dólar ocasionando uma série de problemas às pessoas físicas e jurídicas que celebraram contratos indexados em tal moeda, aprofundando o endividamento de consumidores e empresas. Tal situação de instabilidade foi acompanhada por uma vergonhosa fuga de capitais especulativos, e grande alta nos preços, situação que demonstrou a absoluta falta de instrumentos públicos de controle do fluxo de capitais e da economia.
Enfim até o momento , o resultado do conjunto de ações orquestradas por um governo que teve e mantém maioria esmagadora no Congresso Nacional tem sido a articulação de um ambiente macroeconômico extremamente hostil aos trabalhadores, pequenos e médios empresários nacionais, e prontamente simpático - do ponto de vista das reformas constitucionais encaminhadas e recursos públicos aportados - aos interesses das empresas estrangeiras e eventuais sócios brasileiros.
Com isso estamos completando uma década sem crescimento do PIB, 150 bilhões de dólares mais endividados ( as dívidas externa e interna duplicaram), com índices de desemprego chegando a 15% da PEA ( os mais altos índices desde 1991) e, finalmente, com Municípios e Estados de joelhos perante a União sem a menor possibilidade de investimentos em políticas públicas que possam mudar tal quadro.
É com esse cenário, que notoriamente não combina com nossas potencialidades, que estamos entrando no terceiro milênio. E é a partir dele que precisamos reconhecer todos a necessidade de debate nacional sério sobre os rumos do país, partindo do pressuposto de que as ações econômicas não são fruto de uma " lei natural" e sim resultado de decisões políticas, e que só retomaremos o crescimento almejado com uma postura soberana do governo brasileiro em relação ao mercado financeiro internacional, com a agenda política nacional pautada pela necessidade de investimentos e proteção seletiva dos setores produtivos da economia nacional, buscando a correção das grandes desigualdades regionais e sociais que assolam o país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário